home
03/01/2011

Cinco parâmetros básicos para o sucesso no aquarismo.

Matérias Por Alexandre Talarico*

por Alexandre TalaricoAlexandre Talarico

Primeiro Aquário

Autor

Como estamos começando, gostaria de falar sobre os cinco parâmetros básicos do aquarismo. Adquirindo este conceito o aquarista resolve com clareza e lógica a maioria das questões básicas relativas ao hobby.

Primeiro Segundo Terceiro QuartoQuinto

Costumamos fazer uma comparação com os cinco dedos da mão. Todo aquário que se preze tem que respeitar estes cinco parâmetros ou estará fadado ao fracasso. Como são cinco, é difícil esquecer.

A ordem que eles estão enunciados também é importante, pois, muitas vezes um parâmetro é fator primordial para se determinar o próximo.



Primeiro substrato

É determinante na montagem do seu aquário, por exemplo, quando escolhemos um cascalho de origem calcárea é necessário saber que neste caso o nosso aquário sempre terá uma água mineralizada e de pH tendendo a alcalino.

Ou seja não poderemos habitar este aquário com peixes de igarapé amazônico (água ácida e de mineralização quase zero).

Quando estamos escolhendo o substrato, estamos, sem perceber, determinando qual tipo de ecossistema vamos reproduzir dentro de nossa casa.

É isso que temos que ter em mente na hora de vender um aquário, a escolha não é simples como marinho ou de água-doce, mas sim qual o cliente deseja? Existem várias opções como, por exemplo, ciclídeos africanos, igarapé amazônico, recife de coral, aquário plantado, etc. Fazendo a opção fica tudo mais fácil.

Também é substrato todos os outros elementos que vão interagir quimicamente no ambiente do seu aquário, como elementos decorativos, materiais filtrantes e até a água do aquário.

Resumindo, devemos escolher com cuidado todos os elementos que irão constituir o nosso aquário.


Segundo Iluminação

Exceto algumas bactérias que vivem em fontes termais e pouquíssimas outras formas primitivas de vida, tudo o que nós conhecemos como forma de vida na face da Terra depende da luz para sobreviver, ou seja, sem luz não há vida.

E no aquário não poderia ser diferente. Seguindo a mesma lógica da escolha do substrato, nós devemos adequar a iluminação ao sistema que gostaríamos de ter. Devemos fazer sempre uma comparação com ambientes naturais que são aqueles que queremos reproduzir (aí está a chave do sucesso).

Por exemplo, um recife de corais multicoloridos próximos à superfície do mar de águas cristalinas. Obviamente este ambiente é dos mais ensolarados que existe, neste caso a nossa escolha seria por um sistema de forte iluminação para este aquário. O inverso é verdadeiro. Imagine peixes nativos das margens de igapós amazônicos nadando entre raízes de árvores frondosas, pequenos braços de rios ou regiões alagadiças com águas cor de chá. Neste caso a luz deverá ser de intensidade mediana.

Nunca se esqueçam que luz é uma forma de energia, ou seja, ela irradia calor para o aquário.

Por isso vamos para o próximo item.


Terceiro controle de temperatura

É errado imaginarmos que nós devemos aquecer a água do nosso quário. Na verdade nós devemos monitorar e manter a temperatura constante. E qual é a temperatura?

A temperatura adequada para reproduzir as mesmas condições do meio ambiente que nós queremos retratar. Notem a resposta será sempre a mesma e é isto que eu gostaria de transmitir para vocês. O critério mais importante é tentar copiar a natureza.

Através de algumas leituras de qualidade vocês poderão encontrar as características principais (temperatura, pH, alimentação) das espécies que querem colocar no aquário.

Resolvido isto, como controlar a temperatura? Como na maioria das vezes o problema maior se resume ao aquecimento, é bastante comprarmos um AQUECEDOR COM TERMOSTATO adequado ao tamanho do nosso aquário (aproximadamente 1 watt por litro). Este aparelho fará o controle da temperatura, só aquecendo quando necessário e se mantendo desligado nos outros períodos, mantendo assim a temperatura desejada.

Quando a questão é o resfriamento do aquário esta é mais delicada. Certos sistemas aquáticos necessitam de uma grande quantidade de equipamentos (devido à sofisticação do seu projeto), neste caso quanto mais fontes geradoras de calor (ex. lâmpadas, bombas submersas, filtros, etc.) maior será o ganho de temperatura deste aquário, podendo chegar a uma temperatura inaceitável. 

A solução deste problema está no uso do resfriador (Chiller) com termostato. Este aparelho se parece no seu funcionamento com um pequeno ar condicionado, sendo que neste caso ele resfria a água que passa no seu interior, da mesma forma o termostato irá ligar e desligar o aparelho conforme a necessidade.

Observe a importância de se exercer controle sobre a temperatura do sistema, excetuando os mamíferos e as aves, todos os outros seres vivos têm a temperatura do seu corpo regulada pelo meio em que eles vivem, ou seja, fornecer temperatura adequada é fornecer condições de sobrevivência.


Quarto movimentação da água

Para seguir para o próximo parâmetro, gostaria que vocês imaginassem um grande rio de águas rápidas e fundo pedregoso esses que temos aos montes na serra do mar, ou então um grande açude em uma fazenda ou então um costão rochoso à beira mar.

De que ambiente serão os habitantes do nosso aquário com relação ao regime das águas?

Novamente fazendo uma breve pesquisa encontraremos a melhor maneira de estabelecer a movimentação da água do nosso aquário.

Muitas vezes uma simples bombinha ou um pequeno filtro já é suficiente para resolver o problema. Outros projetos exigem uso de aparelhos que simulam a turbulência das ondas do mar (Wave makers), tudo é uma questão de adequação ao meio ambiente criado.

Vale a pena lembrar que excessos de decorações e objetos dentro do aquário diminuem a movimentação de água, por se tornarem anteparos, mas isso pode ser até uma alternativa benéfica em alguns projetos.


Quinto sistemas de filtragem

Aí está um assunto muito polêmico, pois a própria palavra filtragem nos dá margem a muitas interpretações.

Temos muitos tipos de sistemas de filtragem e todos utilizáveis no aquarismo. Como exemplos, posso citar filtragens biológica,mecânica, química, o uso de aparelhos germicidas, etc. Para simplificar, falarei apenas de filtragem biológica, pois é a única imprescindível para os sistemas aquáticos.

Este é um assunto interessante, pois mesmo aqueles aquaristas que dizem não ter nenhum tipo de filtragem biológica possuem bactérias agregadas a todos os substratos do aquário e em suspensão na água exercendo o seu papel de filtro biológico (o melhor exemplo é o aquário plantado ou o aquário de rochas vivas).

Estabelecer a filtragem biológica (FB) em um aquário leva um certo tempo, no mínimo trinta dias e cerca de um ano para atingirmos um sistema equilibrado e robusto.

É durante este período que devemos ter mais critério na aquisição dos habitantes, pois é neste período que os maiores problemas relacionados à adaptação e sobrevivência ocorrerão.

A FB traz equilíbrio ao sistema aquático e é muito importante sabermos que este equilíbrio é dinâmico. Por exemplo, excesso de alimentação, fezes e animais mortos entrarão em decomposição e os subprodutos desta decomposição, que são tóxicos, serão metabolizados pela ação da FB, transformando-o sem produtos menos tóxicos que podem reintegrar à cadeia alimentar.

Este dinamismo se apresenta no aquário em forma de ciclos iguais aos da natureza. A ruptura destes ciclos causará o desequilíbrio do sistema, podendo ocasionar a morte de seus habitantes.

Citarei como exemplo a ruptura do ciclo do nitrogênio, usando o exemplo de excesso de alimentação.

É normal sobrar um pouco de alimento após as refeições dos peixes do aquário, mas se por algum motivo esta sobra for maior do que a nossa FB consegue transformar, imediatamente teremos um aumento de amônia tóxica.

Importante saber: não se estabelece o tamanho ou a capacidade da filtragem biológica. Esta sim amadurece e se desenvolve conforme a capacidade e a quantidade de habitantes que o aquário irá suportar.

E para encerrar, devemos ter sempre em mente que o aquário é um sistema fechado e, por isso, tudo o que colocamos lá dentro fica lá dentro, ou seja, é um sistema que tende à acumulação e por conseqüência ao colapso.

Portanto é fundamental fazermos trocas parciais da água e manutenção do sistema.

Isto rompe o princípio de acumulação que criamos e evita a sua saturação, promovendo a renovação do mesmo.